O presidente dos EUA, Donald Trump, intensificou sua ofensiva imigratória esta semana, após o suspeito do ataque a tiros contra dois membros da Guarda Nacional em Washington ter sido identificado como um cidadão afegão.
Entre as medidas anunciadas está uma revisão de “green cards” concedidos a cidadãos originários de 19 países que o governo considera “preocupantes”.
A seguir, entenda como esses anúncios podem afetar o futuro de milhões de pessoas.
1. Revisão de “green cards” de cidadãos de 19 países
O “green card” é o documento que comprova que seu portador é residente permanente legal nos Estados Unidos.
A pedido de Trump, o Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS) iniciou uma “reavaliação completa e rigorosa de todos os ‘green cards’ permanentes para todos os estrangeiros de todos os países considerados ‘de preocupação'”, anunciou o diretor do serviço, Joe Edlow, na quinta-feira (27), no canal X.
Entre os 19 países designados como “de preocupação”, segundo uma proclamação presidencial de junho, estão o Afeganistão, no centro das discussões após o tiroteio de quarta-feira, e três nações latino-americanas: Venezuela, Cuba e Haiti.
Completam a lista Mianmar, Chade, República do Congo, Guiné Equatorial, Eritreia, Irã, Líbia, Somália, Sudão, Iêmen, Burundi, Laos, Serra Leoa, Togo e Turcomenistão.
2. Revisão dos pedidos de asilo aprovados pelo governo Biden
O suspeito do tiroteio em Washington, identificado como Rahmanullah Lakanwal, um afegão de 29 anos, chegou aos Estados Unidos em 2021 por meio de um programa implementado pelo governo do então presidente Joe Biden, após a retirada das forças americanas do Afeganistão.
O programa visava proteger os afegãos que ficaram vulneráveis após o retorno do Talibã ao poder. Lakanwal havia trabalhado com a CIA no Afeganistão, informou o diretor da agência após o tiroteio.
Lakanwal solicitou asilo em 2024 e o governo Trump o concedeu em abril de 2025, disseram à CNN vários agentes da lei.
O tiroteio reacendeu o debate sobre a verificação de antecedentes de certos imigrantes.
Um alto funcionário disse à CNN que Lakanwal havia sido investigado e nada foi encontrado. “Ele não tinha antecedentes criminais”, explicou o funcionário.
De fato, os afegãos admitidos nos Estados Unidos sob a Operação Welcome Allies foram submetidos a uma investigação minuciosa, apesar das alegações em contrário feitas por Trump e seus aliados na época, informou a CNN.
Após o tiroteio, Trump voltou a enfatizar a necessidade de triagem.
“Agora, precisamos reavaliar todos os estrangeiros que entraram em nosso país vindos do Afeganistão sob o governo Biden, e devemos tomar todas as medidas necessárias para garantir a deportação de qualquer estrangeiro de qualquer país que não pertença a este lugar ou que não traga nenhum benefício ao nosso país”, disse o líder americano.
Na quinta-feira (27), essa retórica se intensificou ainda mais: o Departamento de Segurança Interna anunciou que revisará todos os pedidos de asilo aprovados pelo governo Biden.
“Com efeito imediato, o processamento de todos os pedidos de imigração relacionados a cidadãos afegãos está suspenso por tempo indeterminado, aguardando uma revisão mais aprofundada dos protocolos de segurança e verificação”, disse a Subsecretária Adjunta do Departamento de Segurança Interna (DHS), Tricia McLaughlin.
3. Trump diz que vai suspender a imigração de “todos os países de terceiro mundo”
O presidente americano continuou a intensificar sua retórica em uma série de postagens na plataforma de mídia social Truth Social, nas quais afirmou que “suspenderia permanentemente a imigração de todos os países do ‘terceiro mundo’ para permitir que o sistema americano se recuperasse completamente”.
Não ficou claro a quais países ele se referia especificamente, e a CNN contatou o governo para esclarecimentos.
Trump também afirmou que acabaria com todos os benefícios e subsídios federais para “não cidadãos”, “desnaturalizaria imigrantes que prejudicam a paz interna e deportaria qualquer estrangeiro que seja um encargo público, um risco à segurança ou incompatível com a civilização ocidental”.
4. Novos anúncios no contexto de batidas policiais e deportações em massa
As novas medidas surgem em meio a uma ofensiva migratória marcada por batidas policiais em massa e mais de meio milhão de deportações somente neste ano.
Desde que Trump assumiu seu segundo mandato, o ICE e a Patrulha da Fronteira, entre outras agências governamentais, têm realizado intensas operações de fiscalização da imigração em diversas cidades, de Chicago a Charlotte, resultando em centenas de prisões e desencadeando protestos massivos.
Em outubro, o Departamento de Segurança Interna informou que deportou mais de meio milhão de imigrantes indocumentados dos Estados Unidos desde o início do segundo mandato de Trump.
5. Mobilização da Guarda Nacional em Washington
Dois membros da Guarda Nacional da Virgínia Ocidental, destacados para Washington, D.C., foram baleados na quarta-feira (26). Uma das vítimas morreu, enquanto a outra está em estado crítico.
Ambos estavam destacados na cidade desde agosto, segundo a Guarda Nacional do estado.
Em agosto, Trump colocou o Departamento de Polícia de Washington, D.C., sob controle federal direto — alegando uma emergência de segurança pública após o ataque a um ex-funcionário do governo, e anunciou o envio das Forças Armadas. Membros da Guarda Nacional começaram então a aparecer na capital.
O Ministério Público de Washington processou o governo Trump no início de setembro devido ao envio da Guarda Nacional, e na semana passada, um juiz federal decidiu que o Departamento de Defesa de Trump havia enviado as tropas ilegalmente.
No entanto, a decisão do tribunal foi suspensa enquanto se aguarda o recurso. Nesse contexto, Trump solicitou o envio de mais 500 militares uniformizados após o tiroteio.
source https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/cinco-pontos-para-entender-a-nova-ofensiva-de-trump-contra-a-imigracao/
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